POLÍTICA

Pra crise financeira tem solução!

Em momentos de crise, como o atual, tem se tornado uma prática nas instituições com mais arcabouço o enxugamento de linhas de financiamento, redução de prazos e elevação das taxas de juros. Este ano, por exemplo, enquanto o crédito no mercado tradicional deve crescer ao redor de 11%, segundo previsão do Banco Central, as cooperativas almejam expandir em 20% suas operações.

“A verdade é que,desde 2008, quando explodiu a crise do subprime nos Estados Unidos, as cooperativas vêm mostrando performances melhores que os bancos”, analisa o médico Cícero Evandro Soares, da Unicred/São Luís, cooperativa voltada para profissionais da área da saúde.

As cooperativas estão se aproveitando da crise econômica para emprestar mais e a um custo bem abaixo do dos bancos.No ano passado, segundo dados do Portal Cooperativismo Financeiroo conjunto de 1.139 cooperativas financeiras brasileiras com suas respectivas centrais, confederações e bancos, registrou crescimento de 22% no volume de ativos, atingindo R$ 202 bilhões.Elas ocuparam o sexto lugar em um levantamento em que aparecem Banco do Brasil, Itaú, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander, HSBC, Safra, Citibank e Banrisul.

O Sistema Financeiro Nacional (SFN), com R$ 7,470 trilhões em ativos, cresceu 14% na mesma base de comparação. De dezembro de 2008 a junho de 2014, enquanto o total de ativos dos bancos foi ampliado em 11%, o do Sistema Nacional das Cooperativas de Crédito (SNCC) cresceu 23%. As operações de crédito dos bancos expandiram-se à razão de 11%, enquanto as das cooperativas elevaram suas operações em 22%.

O destaque fica por conta dos depósitos. Nos bancos, eles cresceram 3% de dezembro de 2008 a junho do ano passado e nas cooperativas, 26%. O lucro líquido ou sobras cresceram 13% e 21% nos bancos e nas cooperativas, respectivamente. “Nós temos liquidez e este é o diferencial deste momento”, frisa Cícero Evandro, acrescentando que o volume de ativos da Unicred nacional é de R$ 7,5 bilhões, sendo que deste montante, R$ 4,5 bilhões estão emprestados para seus associados.

Isto ocorre porque, ao contrário dos bancos, a doutrina das cooperativas não visa ao lucro. Não está baseada no capital. Enquanto a média de juros cobrada sobre o crédito pessoal nas cooperativas é de 2,07%, nos bancos é de 6,10%, segundo levantamento do Procon de São Paulo. Sobre o cheque especial, a média de juro dos bancos é de 11% ao mês e nas cooperativas, de 4% a 7%. Para cartão de crédito, enquanto o mercado cobra algo em torno de 14%, as taxas das cooperativas são de 7,5%.

As cooperativas, na verdade, são uma opção de crédito barato aos bancos. A expansão do crédito nas cooperativas acima dos bancos é uma tendência. Há muito espaço para o crescimento porque no Brasil as cooperativas respondem por apenas 2,90% do total de R$ 3,087 trilhões emprestados, enquanto em alguns países da Europa, por exemplo, chega a 50% do sistema financeiro nacional.

 

 

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