O rádio está em decadência ou se reinventando?
O som que apaixonou o mundo através das ondas, ainda é um caso a ser estudo, para tentar descobrir o motivo da decadência a partir do ano 2000. Estou falando do Rádio, não aquele aparelhinho que carregamos e colocamos onde estamos, mas sim daquele que foi o grande invento e se tornou o maior meio de comunicação do planeta. Desde que surgiu no Brasil em meados de 1923, o veículo de tornou o maior companheiro dos brasileiros 24 horas.
Em alguns estados o rádio sofreu queda ao nascer, como foi o caso do Maranhão, quando por intermédio dos empresários (Jota Travassos e Nhozinho Santos) foram criadas as duas primeiras rádios (Rádio Clube e Rádio Sociedade), que por falta de patrocínio acabaram saindo do AR dois anos mais tarde. Fundadas em 1924 respectivamente, as emissoras foram administradas através de colaboradores, que pouco tempo desistiram da ajuda sem remuneração. Um ano após as rádios saírem do AR, nasceu a publicidade no Brasil (1.926), que só foi reconhecida e ganhou força no mercado a partir de 1.930.
Após tudo isso, o Maranhão ficou sem emissora de rádio por aproximadamente 15 anos, e só voltou a festejar em 1941 quando entrou no AR a rádio estatal chamada de Difusora, que mais tarde foi batizada por Assis Chateaubriand, como Rádio Timbira, que por interesse político e ser amigo do interventor federal no Estado, Paulo Martins de Sousa Ramos, acabou arrendando a emissora do governo, simplesmente para se eleger Senador da República pelo Maranhão. Caso que se confirmou sem sequer Assis sentar os pés na terra de Gonçalves Dias.
De lá pra cá surgiram inúmeras emissoras, como a Rádio Ribamar (Capital AM) em 1947, a Rádio Difusora em 1955, a Rádio Gurupi (São Luís AM) em 1962, a Rádio Educadora em 1966 e a Rádio Mirante em 1988. Entre esses intervalos nasceram algumas FMs, assim como no interior do estado surgiram emissoras capitaneadas por políticos.
Nesses mais de 90 anos de rádio no Maranhão, muita coisa já aconteceu. Emissoras que eram grandes diminuíram no tamanho e na potência, reduziram salários e quadros de funcionários, outras que até entraram na onda de rede, como foi o caso das Rádios São Luís – Jovempan (AM e FM), que tem 80% suas grades retransmitida através da rede nacional.
A Difusora AM que já passou por isso durante 11 anos quando retransmitia a programação da Rede Aleluia (Igreja Universal), e hoje é feita pela 105,5 FM. Mesmo assim a Difusora AM vive de arrendamentos, assim como todo o Sistema que foi alugado para o Deputado Federal Weverton Rocha, onde inúmeros profissionais de rádio foram demitidos e substituídos por Blogueiros.
Outra emissora que existe, mas desapareceu da frequência dos rádios maranhenses, foi a Rádio Cidade FM, uma das maiores e mais ouvidas do Estado, acabou arrendada para a Igreja Deus é Amor e toda programação foi modificada, sendo assim, muitos funcionários demitidos, onde poucos escaparam da tragédia.
Há pouco mais de 15 anos surgiu uma emissora na Ilha de São Luís, que trouxe o nome de “Mais FM”, mas ninguém a conhecia. A programação era retransmitir o “Mução” 24h, mas poucas pessoas a ouviam. Ai é que vem a história de quem nasceu grande e ficou pequeno, e outras nascem pequenas e cresceram de imediato. Surge um Radialista, que muitos o chamaram de louco, por sair de uma emissora grande e arrendar uma desconhecida (Mais FM). Diferente da Mais FM, Léo Felipe era muito conhecido na cidade, e isso poderia ser uma saída para o mercado radiofônico do Maranhão, que começava entrar em decadência. A aposta deu certo, a coragem venceu o medo, e em pouco tempo a Mais FM se tornou a emissora dos corações da Ilha e passou a dominar no seguimento popular, sendo a mais ouvida da capital, posição essa que nunca mais perdeu.
O mercado radiofônico do Maranhão poderia ter como referência a visão de Léo Felipe, como modelo de gestão do Rádio no Estado, que mesmo com a crise econômica instalada no Brasil, o mercado publicitário sobrevive para aqueles que se reinventam todos os dias. Em matéria de radiodifusor, Léo Felipe é mestre, diferente daqueles que se viciam nas fatias de publicidades públicas, e quando cortam, choram as migalhas. Quem sofre são os profissionais do rádio.
Outro exemplo que deve ser mostrado é a rádio 92 FM, que nasceu para o seguimento gospel, e mesmo jovem, é a melhor emissora do estilo, tanto administrativamente, quanto programático, dando oportunidades para jovens comunicadores. A linha da 92 vai do romântico até o futebol, tendo visto como a maior paixão nacional. O jovem empresário de radiodifusão, Ramon Fernandes, mostra que rádio se faz com paixão, mas também com muito trabalho.
O FUTURO DO RÀDIO NO BRASIL
A onda de demissão é muito grande, vai das pequenas emissoras até os maiores grupos de comunicação do Brasil. O maior exemplo de decadência são as demissões em massa no Sistema Globo de Rádio (SGR) e no Grupo Tupi por todo país. O profissional escolhido para trabalhar no mercado precisa saber bater escanteio, cabecear, marcar o gol, fotografar, comemorar e no intervalo redigir a matéria.
Com a ideia da Migração do AM para o FM, a corrida será para quem chegar primeiro. Os profissionais precisarão está cada vez mais qualificados, o número de vagas é cada vez menor. As emissoras vão ter um período para retransmitir nas duas faixas (AM e FM) até o público se acostumar, com isso um profissional vai está trabalhando para duas emissoras. Se o mercado publicitário já está deficitário agora, imagina quando todas as emissoras estiverem na mesma faixa de FM? A única saída, segundo pesquisadores de rádio, seria para quem já está no FM, modificar sua programação, criar espaço para o jornalismo, incrementando o esportivo na grade, e trabalhar para aumentar a fatia de público e faturamento. Segundo especialistas, quem sair na frente vai ter mais visibilidade, já que as rádios que migrarem vão esperar um bom tempo para cair na graça da sociedade, principalmente apaixonados por AM. O mercado vai passar por mudanças, é bom começar logo… Com as plataformas digitais, o FM ganhará novos caminhos…
Para quem pensou que a TV e a internet fossem acabar com o rádio no Brasil, o “Arrendamento” para igrejas multinacionais, ou políticos sem visão de mercado, pode ser o começo do fim.
Por João Filho (Jornalista, Radialista e Pesquisador).
Essa discussão é muito maior. Um dos maiores problemas são as agências de publicidade que não querem trabalhar com as AMS. A migração
é o maior mal para o Rádio AM.
Geraldo Castro, você não precisou escrever duas laudas para falar tudo. Resumiu tudo em duas frases…