No Dia da Liberdade de Imprensa, repórter da Mirante é expulso de Terminal na Cohab
*Por João Ricardo*
Nesta terça-feira (03/05) “comemora-se” o Dia Mundial da Liberdade Imprensa. Em São Luís, aconteceu uma “homenagem” em um espaço público, administrado pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), órgão vinculado à Prefeitura de São Luís.
O repórter da rádio Mirante AM, Danilo Quixaba, resolveu fazer uma enquete ao vivo para saber a opinião dos ludovicenses em relação ao bloqueio do WhatsApp por decisão da Justiça de Sergipe. Então, escolheu o Terminal de Integração da Cohab. Poderia escolher qualquer lugar, inclusive um terminal de integração justamente para aproveitar o grande fluxo de pessoas logo cedo.
E quando fazia a pergunta sobre o bloqueio do aplicativo, dois servidores do local, com aquela educação peculiar, resolveram expulsar o repórter. O detalhe é que ele pagou a passagem para ter acesso ao terminal e apenas entrevistava pessoas normalmente, sem causar nenhum tipo de tumulto (única explicação que deveria ter para uma atitude dessas).
Logo abaixo, o texto que o repórter divulgou em sua conta no Facebook relata com mais detalhes o episódio, justamente no Dia Mundial da Liberdade Imprensa. Mais uma ação da Prefeitura de São Luís que merece os “parabéns”.
ABAIXO, O TEXTO DE DANILO QUIXABA:
Hoje, fui cumprir minha rotina normal. Acordei 5h e fui rodar esta cidade atrás de situações e confusões. Tive uma ideia antes de chegar à unidade móvel. “Que tal fazer um fala povo com o pessoal sobre esse bloqueio do Whatsapp?”. Pagando minha passagem, entrei no Terminal de Integração da Cohab para cumprir minha rotineira atividade de cara de pau com esta pauta absolutamente neutra, que não traria pra mim problema algum. Me enganei. No ar, ao vivo, começo a indagar passageiros que mexiam avidamente em seus celulares, apenas pelo hábito. Na terceira entrevista rápida feita, dois brutamontes tentam me parar. Sem jeito, pergunto ao vivo ainda se havia acontecido algo. Da maneira mais indelicada possível ao vivo me dizem que não poderia de jeito nenhum gravar matérias por lá. E que, mesmo pagando minha passagem, um Terminal de Integração não seria um ambiente público e de livre circulação. Vale a pena repetir: tudo isso, ao vivo. Fui expulso de um lugar do qual paguei para entrar. Que, até onde sei, pertence ao poder PÚBLICO municipal. Depois, ainda fui seguido por um fiscal após ter saído pela catraca dos fundos. Mesmo fazendo uma matéria que não tinha teor de denúncia – por mais que o sistema de transportes mereça isto diariamente. Fora a grosseria, me surpreende o anacronismo absurdo da gestão pública com relação aos direitos mínimos da autonomia do cidadão, que vem, principalmente, de ordens burocráticas aleatórias e inexplicáveis das maiores instâncias. Enfim, prometi a mim que não levaria isto adiante para evitar qualquer tipo de exposição desnecessária, afinal, a vida de um repórter se faz de rejeições, de todos os gêneros. Porém, não poderia deixar de fazer este registro. Logo hoje, dia 3 de maio. Um solene DIA DA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA. Grato pelo presente.