Desesperado, Kabão usa seu último cartucho
O último cartucho
A água já passou da boca e agora está no nariz. O náufrago, ex-prefeito de Cantanhede, José Martinho dos Santos Barros (Kabão) procura desesperadamente por um fio de cabelo para tentar fugir do afogamento político, que a cada dia que passa fica mais evidente.
Além de ter o grupo político diminuído gradativamente desde a sua saída da prefeitura em 31 de dezembro de 2016, com 80% de reprovação, o ex-prefeito tem que conviver com um pesadelo maior que a sua própria ambição em querer voltar ao comando de Cantanhede.
Zé Martinho como é conhecido na sua terra natal, tem perdido muitos aliados, entre eles, o ex-vereador e seu candidato à prefeitura de Cantanhede em 2016, Paulo Coelho e o atual vereador, Ribamar Lopes (PV).
Paulo Coelho assumiu a secretaria de Assistência Social do governo Ruivo e o vereador Ribamar Lopes passou a fazer parte da bancada de situação na Câmara de Vereadores.
Ao contabilizarmos as saídas da base política de Kabão, damos conta que já saíram do grupo político do ex-prefeito de Cantanhede vários suplentes de vereador e lideranças políticas. Também deixaram a base de Kabão, os atuais vereadores, Edmilson Marques, Emerson Costa e Jairon Dantas.
Hoje, a situação na Câmara de Vereadores é a seguinte: Na base aliada do prefeito Ruivo estão os vereadores: Jorismar Santos (PSD), Meire do Godô (PRP), Dércio Rodrigues (PP), Manoel Veras (PT), Alan Bajara (PDT), Dênis Roberth (PSB) e Ribamar Lopes (PV).
Aliados do empresário Maranhão, que figura como uma terceira via para as eleições de 2020, estão: Emerson Costa (PROS) e Jairon Dantas (PHS).
O vereador, Edmilson Marques (PSC) segue na linha da independência de grupo político. A vereadora, Rosa Uchoa (PRB) é hoje, a única aliada do ex-prefeito Zé Martinho, no parlamento municipal.
Abatido com a perda de muitos aliados, mergulhado no título de prefeito mais irresponsável da história política de Cantanhede, por ter deixado uma dívida de mais de 50 milhões de reais entre precatórios, INSS e previdência própria para o atual prefeito pagar e de ter deixado o município com uma carrada de inadimplências devido a não prestação de contas de vários convênios federais e estaduais, entre eles, convênios com INCRA, FUNASA, SECID, Ministério do Turismo, Secretaria de Estado da Saúde, Secretaria de Estado da Cultura, Projovem Campo e FNDE.
Zé Martinho é conhecido pelos modos operantes de humilhar até mesmo os aliados. Truculento e com atitudes de perseguição, tem em sua folha corrida uma fila inacabada de inimigos que construiu durante os seus 20 anos de mandatos em Cantanhede, sendo 4 anos como vereador, 8 anos como vice-prefeito e 8 anos como prefeito.
O empresário da noite ludovicense é dono da Choperia Kabão, uma espécie de inferninho no Anel Viário e dos restaurantes Conchas Bar e Oceanos Bar, na Avenida Litorânea, na capital maranhense, esse último adquirido e reformado no final do seu segundo mandato.
KABÃO perdeu a credibilidade por adorar bruxaria, constituir uma grande indústria de fofoca e pregar pesquisas falsas nos últimos anos. Em 2016, usou o instituto da amiga e publicitária, Dalva Lemos com a divulgação de pesquisas mentirosas.
A INOP ficou tão desacredita em Cantanhede, que o ex-prefeito resolveu usar este ano, a Exata como instrumento de manobra e lenha para seu projeto de poder.
Além das pesquisas fraudulentas, KABÃO resolveu apostar todas as suas fichas no apoio do Deputado Federal, Hildo Rocha. KABÃO e Hildo Rocha formaram nas eleições de 1996 e 2000, a chamada “dupla café com leite”, sendo Hildo o cabeça de chapa. Em 2004, quando KABÃO se preparava para suceder Hildo Rocha veio o maior ato de traição da história política de Cantanhede. Hildo Rocha deu uma rasteira por trás em KABÃO, que teve que ser socorrido no hospital São Domingos em São Luís para não chegar a óbito.
Entre 2004 e 2016, o município ficou dividido em duas alas políticas motivadas pela briga entre os dois caciques. Famílias, comerciantes, funcionários públicos e profissionais liberais foram perseguidos e KABÃO pregava nos quatro cantos do mundo que Hildo Rocha era o maior câncer da política mundial.
Em 2016, o rancor e o ódio de Zé Martinho por Hildo Rocha foram vencidos pela ambição de poder e KABÃO passou a rastejar e lamber as botas de seu maior inimigo.
Mas, em 2016, Hildo Rocha preferiu apoiar o então candidato Ruivo. Porém, a caminhada de KABÃO pelo apoio de Hildo Rocha teria um outro componente, a reconciliação passaria por um acordo financeiro entre os dois, ou seja, uma troca de favores.
KABÃO teria pago parte da dívida de campanha de Hildo Rocha de 2014. O parlamentar do MDB, é hoje, uma das alternativas para o grupo Sarney continuar respirando, para tanto, Hildo inicia uma investida de sondagem de intensão de voto do seu nome para ser o candidato ao governo do Maranhão em 2022.
Caso a trajetória de Rocha rumo ao Palácio dos Leões tenha algum sentido terá que viver em cima do muro, principalmente nos municípios onde tem raízes nas duas alas, como é o caso de Cantanhede.
Mesmo contrariando a legislação eleitoral, por sua conta e risco, Zé Martinho faz campanha abertamente pela zona rural de Cantanhede e em pronunciamento recente chegou a dizer que a reprovação de suas contas não o impedirá de ser candidato, disse chegar a 90% das intenções de voto e anunciou o apoio de Hildo Rocha ao seu projeto de retorno ao comando do município de Cantanhede.
O ex-prefeito falou também que a traição de 2004, teria sido a mau companhia que Hildo Rocha recebeu quando era presidente da FAMEM. Quando perguntado se irá apoiar KABÃO nas eleições de 2020, Hildo Rocha dá uma de João sem braços e sem pernas, afirmando:”as eleições ainda estão longe”, “não tem nada definido” ou “quem tem boca diz o que quer”.
Certo mesmo é que 90% do grupo de Hildo Rocha já disse que se ele se aliar ao ex-prefeito KABÃO irá sozinho. Em 2016, Hildo Rocha cozinhou o galo por seis meses até declarar apoio ao candidato Ruivo. Uma aliança entre Hildo e KABÃO pode literalmente ter o tiro do último cartucho saindo pela culatra.
A marola política tem água no convés e o empresário da noite, que dizia em 2008, que se fosse eleito iria fazer uma casa a cada mês com seu salário de prefeito está em uma verdadeira sinuca de bico, um beco sem saída, ou mato sem cachorro, pois além do derretimento de sua base eleitoral, das mais de trinta ações do Ministério Público, Zé Martinho dorme e acorda todos os dias com uma ampulheta no travesseiro.
Kabão teve três contas reprovadas pelo TCE (Tribunal de Constas do Estado), 2010, 2011 e 2013. A situação que está tirando o sono do ex-gestor é o fato de que no ano de 2010, ele fez o repasse para Câmara Municipal maior que o permitido constitucionalmente.
Este processo 3904/2011, Kabão perdeu até o momento, em todos os recursos e por unanimidade, restando somente o julgamento do recurso de reconsideração, que poderá acontecer a qualquer momento.
Se perder mais uma vez, caberá tão somente o recurso de revisão, mas que não altera o resultado e aí Zé Martinho passa a figurar como inelegível pelo TCE.
Reprovada no TCE, a prestação de conta irá para apreciação e voto da Câmara de Vereadores de Cantanhede. A Câmara terá um prazo de 60 dias para aplicar o rito e aí Kabão terá que ter oito votos na câmara para mudar o resultado.
Cantanhede sempre foi muito política e com certeza viverá mais um capítulo de grande audiência nos próximos dias. E como dizia o pai da emancipação política de Cantanhede, o deputado Líster Caldas: “Quem viver verá”.