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“Prisão de Blogueiros é novo alerta sobre as relações perigosas com as Fontes e o Crime” – dispara professor Ed Wilson

POR ED WILSON – Desde o assassinato do jornalista Décio Sá, o sinal amarelo acendeu na blogosfera do Maranhão, levantando o debate acerca da promiscuidade entre alguns jornalistas com os seus informantes e as redes do crime organizado.

Repórter incansável, com faro jornalístico aguçado, Sá enredou-se na malha da agiotagem e acabou empolgado demais com a impressão de que era amigo do Palácio dos Leões e estava protegido.

Nessas circunstâncias, há sempre o risco da prática da pistolagem midiática e o jornalismo de encomenda atrapalha o interesse público.

Em 21 de março o sinal amarelo mudou para vermelho. A Operação Turing da Polícia Federal prendeu três blogueiros e conduziu coercitivamente mais cinco.

Segundo a Polícia Federal (PF), os blogueiros seriam parte da organização criminosa que atrapalhava investigações contra empresários e servidores públicos, mediante a negociação de informações sigilosas obtidas por meio do policial Federal Danilo dos Santos Silva.

Com cargo importante (Administração, Logística e Inovação) na Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), Danilo Silva havia sido exonerado pelo governador Flávio Dino em 9 de março, 12 dias antes da Operação Turing ser deflagrada.

A promiscuidade entre os jornalistas e a fonte resultava em um negócio lucrativo. O policial galgava espaços na política e os blogueiros faturavam com o agendamento (positivo ou negativo) dos investigados, de acordo com a PF.

Agora é aguardar o curso das investigações e meditar sobre o contexto político-midiático no Maranhão.

NEGÓCIO DA NOTÍCIA

Os blogs viraram fenômeno no Maranhão. Transformaram em operadores da notícia várias pessoas sem formação em Jornalismo, criando relações perigosas com fontes encarregadas de investigar e fiscalizar os agentes públicos.

Fora da chamada mídia tradicional, alguns blogueiros ganharam poder, fama e dinheiro.

Em parte, o crescimento dos blogs foi uma alternativa ao controle dos meios de comunicação tradicionais por famílias de políticos, principalmente os sistemas Mirante/Globo (José Sarney) e Difusora/SBT (senador Edison Lobão).

Aí está o problema principal! O mercado de trabalho para os profissionais de comunicação é sempre refém dos controladores da política e das verbas publicitárias dos dois maiores financiadores: a Prefeitura de São Luís e o Governo do Estado.

É sempre bom reiterar: na maioria das vezes os jornalistas dependem dos esquemas de poder que controlam as empresas de mídia. Não há como julgar e condenar os profissionais de Comunicação que trabalham para as corporações jornalísticas. São pais e mães de família que precisam de emprego para alimentar suas famílias e, pela regra, precisam obedecer às linhas editoriais ditadas pelos controladores.

BONS COMPANHEIROS

Vejamos, por exemplo, o que acontece no Sistema Difusora de Comunicação. Nos bastidores, corre a versão de que este complexo midiático está arrendado (ou fora vendido!?) ao deputado federal Weverton Rocha (PDT), candidato a senador em 2018.

Detalhe: emissoras de rádio e TV são concessões públicas e não podem ser arrendadas.

No mundo das sombras da caverna platônica o chefe maior do Sistema Difusora, senador Edison Lobão (PMDB), seria adversário do deputado pedetista arrendatário.

Mas, a política nem sempre é como os apaixonados pensam. Os adversários geralmente se entendem no âmbito dos negócios.

E o deputado Weverton Rocha surge agora como uma espécie de Assis Chateaubriand do Maranhão, controlando uma rede midiática unicamente voltada para o projeto de torná-lo senador.

Uma hora o Ministério Público e a Polícia Federal podem se interessar por esse fenômeno: de onde sai o dinheiro que paga o arrendamento do Sistema Difusora de Comunicação?

Em 2018 haverá uma nova guerra midiática no processo eleitoral e as empresas de comunicação e os blogueiros vão acionar suas armas em torno das suas candidaturas e preferências.

Às vezes, nessa guerra, o primeiro a ser morto é o leitor/ouvinte/telespectador.

Da Operação Turing e seus desdobramentos, espera-se que a investigação dê uma freada nas práticas apontadas pela Polícia Federal.

No mais, cobra-se o aprofundamento das investigações. É preciso chegar aos altos escalões dos órgãos encarregados de fiscalizar e julgar os gestores (principalmente prefeitos) nas suas prestações de contas e nos atos gerais da administração pública.

Afinal, os blogueiros não agiam sozinhos.

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